Distopia
Boa tarde!
A pauta de hoje foi sugerida pela minha linda editora. Não é um assunto legal, mas acho que tenho que falar disso também.
No domingo passado, fomos almoçar com o velho Jayme. Antes, passamos em um laticínio, para comprar alguma coisa para o lanche da noite. Do outro lado da rua, um casal de coletores de recicláveis, visivelmente alterados por álcool ou drogas, trocava o que pareciam ora carícias, ora empurrões, meio que alheios ao mundo ao redor. Como havia sorrisos entre os dois, resolvemos não intervir. Temos reparado que o número de pessoas "em situação de vulnerabilidade social" tem aumentado sobremaneira. Não é difícil observar pessoas deitadas nos jardins da praia e nas calçadas dos canais de Santos, quase sempre acompanhadas de uma garrafa, um cachimbo ou qualquer utensílio utilizado para suportar um vício.
Saindo dali, no caminho para o apartamento de BNH onde eu e meus irmãos fomos criados, há uma quadra de esportes, mantida por um clube de moradores. Nela, alguns rapazes disputavam uma partida de basquete, enquanto outros, em bom número, tomavam seu tempo usando drogas, à luz do dia e na frente de todos. Comentei com a Alessandra sobre qual seria o futuro daquelas pessoas. O que poderiam esperar da vida, se, ainda jovens, já conviviam com os desacertos causados pelo envolvimento com o que há de pior na sociedade?
Mas Jayme, no seu tempo de garoto também havia viciados. O que mudou? Havia sim, mas em número muito menor. No Lourdes Ortiz, minha escola, tive vários em minha turma e nas turmas próximas. Quase nenhum deles está vivo para contar sua história.
Daí minha angústia e o título do post. Parece-me que caminhamos a passos largos para uma sociedade igual àquelas que conhecemos em filmes de ficção, onde um submundo abriga toda sorte de excluídos, enquanto, na "superfície", os detentores de poder e conhecimento se refastelam, normalmente às custas daqueles que oprimem. Não estão por aí, encastelados e protegidos, os grandes traficantes?
Incomoda-me demais o fato de que não há uma campanha ostensiva de combate às drogas, de auxílio aos que tentam escapar delas. Há organizações que se dedicam a isso, sim, mas você já viu alguma propaganda delas em horário nobre? Você já viu uma ação coordenada entre diversas esferas de governo e entre os poderes constituídos para aumentar a repressão contra aqueles que insistem em trilhar este caminho? Pelo contrário, salvo exceções o que vemos são alguns membros da "superfície" incentivando o uso e buscando todos os meios para diminuir penas e legalizar a utilização de entorpecentes.
Seguindo por aí, logo mais estaremos vivendo em uma Coruscant distópica, onde pouco vai importar para os protegidos o que ocorre mais embaixo. Se pensarmos bem, será que nós já não estamos mais ou menos assim, preferindo não observar ou não "julgar" as imagens macabras que fazem parte do nosso dia?
Pensem nisso. A imagem é de Coruscant, a cidade planeta de Star Wars.
No próximo post, prometo que vou falar de seres de luz. Até lá!
Eu assino
Caro Confrade-Brigadeiro, você consegue transformar muito bem em palavras a observação que faz do mundo. Isso mostra um sensibilidade exacerbada e uma preocupação, não só com o próximo, mas com a sociedade que nos abriga.
ResponderExcluirAí vem a famosa máxima: "Você sozinho não mudará isso"! Mas com certeza é mais um que pensa diferente e procura uma solução. Eu faço isso.
Forte abraço, Confrade!
Bela postagem. Muitos pontos para reflexão. Nesse mundão, sou uma formiguinha, mas tento fazer minha parte. Tenho minhas crenças e ações. Algo de franciscano. Fazer o bem sem ver a quem. Continuo na batalha.....
ResponderExcluirPaz e bem.