Animais de estimação ou "A história do coelhinho Toystory"

Boa tarde!

Dias atrás, estávamos eu e minha linda editora degustando um bom vinho após o jantar (nós quase nunca fazemos isso, como vocês sabem, né?) e eu me peguei rindo sozinho com a gata de estimação aqui de casa, a Leah. Foi quando tive o insight para este post.

Minha saudosa mãe não era muito chegada e talvez por isso não tenho lembranças de animais de estimação em casa durante minha infância. Durante algum tempo, minha avó tinha um papagaio, a Rosa, que nunca falou, mas assoviava para qualquer um que pedisse. Tinha também um viveiro grande com canários, que alegravam o quintal, mas nada além disso.

Puxei o assunto dos canários porque, quando meu filho mais velho nasceu, ganhei um canário belga de presente, o Tutuca, que foi sim o primeiro animal que eu tive para cuidar. Nessa época, morávamos aqui em Santos, em um apartamento com área de serviço pequena. O Tutuca quase não cantava.

Em 99, quando mudamos pela primeira vez para Guaratinguetá, tudo mudou. Vivíamos em vila militar, casa com quintal aberto, rodeada de árvores e cheia de pássaros que passavam as manhãs em busca de farelos de pão e milho. O danado do Tutuca desembestou a cantar, e dobrava o canto, e me acordava logo cedo, pedindo para que eu o colocasse no lado de fora da casa, para aproveitar o sol e o dia. Foi uma época muito legal. 

Como eu disse, a casa tinha um quintal aberto. Eu voltava do trabalho para almoçar, chegava por uma trilha que dava para os fundos. Certo dia, avistei a Alessandra sentada na porta, cabeça baixa, chorando. Um gavião sem noção havia arrancado a cabeça do Tutuca da gaiola. minhas manhãs não teriam mais seu canto. Enterrei o que sobrou com gaiola e tudo.

Nessa época também, por insistência dos meninos, compramos um filhote de poodle de um casal amigo. Os meninos deram o nome de Spock. Ficou conosco quatro anos. Quando fomos transferidos para a Bolívia, achamos por bem deixar o Spock com nossa amiga Dani, que trabalhava em nossa casa. Ele foi bem cuidado, teve crias e morreu já velhinho. Imaginem a cena deste que vos fala passeando com um poodle pela rua. Seria cômico se não fosse... engraçado mesmo...

Quando voltamos, em 2005, eu não estava mais muito disposto a ter animais em casa. A logística atrapalha um pouco. Você quer viajar, tem que pensar em como vai ficar, quem vai cuidar, como fazer. Minha linda editora, porém, arrastou-me para um canil em Lorena, com a desculpa de "só dar uma olhadinha". Sabida ela...

Em pouco tempo, estava eu com uma bola de pelos na palma da mão. Mas era só uma olhadinha! Não foi. Esperamos o desmame e fomos lá buscar aquele que seria nosso companheiro mais fiel: o Luke. 

Tomando um sol com a fera...

Descendente de alemães, pedigree, Von Hastings, avó campeã, o Luke era um Schnauzer abusado. Sempre atento, ficava bem com todo mundo, mas não podia ver outro cachorro. Uma vez, tive que tirar ele da boca de um pastor.

Com o tempo, a amizade cresceu tanto que a gente cuidava dele e ele cuidava da gente. Um dia sumiu, todo mundo na vila procurando. Tinha saído atrás de um rabo de saia e ficado preso em uma cerca de arame farpado.

Com seu jeito discreto, dobrava até os descrentes. Vivia aos pés de quem estava doente. Era minha mãe chegar em casa e lá estava ele guardando-a. Quando a gente viajava, ia conosco. Quando chegava na minha avó, ficava nos pés dela. Certa feita, todo mundo conversando no quintal da vó, partiu em desabalada carreira e voltou feliz, caçador de nascença, com um camundongo que ousou aparecer na frente dele.

Luke e o Sapão

Tinha até um bicho de estimação, um sapão de pano deixado em casa por uma namorada do filho mais velho. Eram inseparáveis.

Durante o ano de 2019, quando viemos definitivamente para Santos, sua disposição para passeios foi diminuindo. Da volta matinal no quarteirão, passamos a andar até a esquina, daí até o poste mais próximo. Não estava bem.

Alessandra levou-o ao hospital, não voltou mais. Estava doente. Demos a ele o descanso que precisava. Não me despedi. Os que me conhecem bem sabem que não lido bem com o luto. Prefiro ficar quieto e chorar sozinho.

Foram 15 anos de uma amizade dedicada. Cuida da gente aí, amigão!

Eu, o vinho e o Noah

Hoje, temos em casa dois gatos que foram adotados pelo Guilherme, a Leah e o Noah. O Noah é a nossa versão do Garfield. Gordo, comilão, mas companheiro. Adora morder o calcanhar de quem acabou de tomar banho. Foi adotado muito bebê, então não tem grandes manias ou medos. Depois de algum tempo, chega perto e se aconchega.

Já a Leah foi encontrada judiada na rua. É mais arisca. Não aceita muito carinho, mas aos poucos vai se chegando. 

Como vocês lembram, ela foi a inspiração do post. A história é muito engraçada. Todas as noites, meus filhos saem para dar uma volta, tomar uma cerveja, tentar arranjar umas namoradas (que eu e a minha linda editora queremos ter netos). Quinze minutos depois, contados no relógio, ela aparece miando alto, com um coelhinho na boca, e o deixa na sala. Todo dia, sem falta.

O pior é que, no dia seguinte, ninguém acha o coelho. Ele some. É meio "Toy Story". Acho que, na hora que todos vamos dormir, o coelhinho começa a falar e se esconde, na esperança de que a Leah não o encontre, mas não tem jeito...

Leah e o coelhinho Toystory

Na noite seguinte, olha ele aí...

E assim vamos vivendo com nossos bichos...






Ah, aqui em casa tem distanciamento social, e disciplina... kkk

Até a próxima...

EU ASSINO

Comentários

  1. Hahahah que legal !!!
    Histórias de amor puro!!!
    Aqui em casa temos o Ricco que ama comer rolhas, sapatos e dinheiro!!!
    Rssss

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  2. Muito bom Jayme. Tenho histórias de bichos de estimação dos meus filhos. Mas não tenho seu dom. Forte abraço. SV. Já espero a próxima...

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  3. Que bacana, adorei!!! Animais que marcaram a nossa história. A Rosa e o Luke foram muito especiais. Lembrando que além da Rosa, a nossa vó teve também o Cravo. A história da Leah foi muito legal!!

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  4. O amor deles é o mais sincero e puro que um humano poderá receber...e o nosso amor por eles é simplesmente AMOR

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  5. Excelente narrativa, Confrade! Continue a divertir-nos com seus textos.

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  6. Saudades eternas do Luke! Quem diria q iria me apaixonar por um cão. Lindo texto! Não vejo a hora de ler um livro seu!

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