Liderança

Bom dia!

Hoje é dia de promoção de Oficiais-Generais nas Forças Armadas. São três ciclos anuais. Depois desse, só em março. Tenho companheiros de turma sendo promovidos hoje. Desejo a eles sorte e serenidade nas novas funções. Serão maiores reponsabilidades, agora que se aproximam do topo da carreira...

Por conta disso, é um bom momento para falar de liderança.

Não espere uma aula sobre tipos de liderança, características etc. Há muita literatura sobre isso. Nem sobre o que é melhor: um líder autoritário ou democrático. Até porque, na hora de mandar eliminar um inimigo ou bombardear um alvo, não dá pra fazer muita "reunião de pauta". Nessa hora é FAÇA ISSO. O que vai mudar é a forma como o subordinado vai executar a ordem. Duro? Claro, são momentos de exceção.

Em instituições onde há progressão na carreira, os líderes comportam-se geralmente de duas maneiras: ou buscam incessantemente a evolução da instituição, valorizando o trabalho da equipe, ou buscam os resultados que melhor se ajustam à sua progressão individual, sem se importar realmente com o desempenho dos subordinados. É interessante notar que ambos normalmente atingem seus objetivos.

Os do primeiro tipo são reconhecidos pela capacidade de agregar, angariar o respeito dos subordinados, melhorar o ambiente de trabalho. Não quer dizer que não possam ser autoritários quando necessário. Em geral, são mais críticos em relação ao desempenho. Não "douram a pílula" quando precisam apresentar os resultados.

Já os que buscam os seus próprios objetivos geralmente tem um grupo pequeno de colaboradores mais próximos em quem confia todo o trabalho. Pode até parecer agregador e "legal" mas, atingido o êxito, persegue um novo objetivo individual. Aos olhos dos subordinados, sua saída costuma representar mais alívio do que saudade.

Em trinta e oito anos de FAB, tive superiores e subordinados de todos os tipos. De cada um procurei extrair algo que pudesse acrescentar em minha experiência como gestor. Alguns realmente representaram modelos, por sua excepcional capacidade de elevar o nível do desempenho coletivo. Qualquer pausa para um café, nesses casos, serve para aprender um pouco mais. Cito, com orgulho, o Maj Brig Walacir Cheriegate e os Suboficiais Okikawa, Fernandes, Antonietti e Cabral. Estes homens lideraram pelo exemplo. Não bastava atingir objetivos, era necessário valorizar o trabalho de cada um dos membros da equipe. A eles, meu respeito.

Quanto a você, meu leitor, se me permite um conselho, não esqueça de seus subordinados. São eles que fazem o trabalho sujo. Se virem no líder alguém que preza apenas por seus interesses, farão apenas o que está previsto. Se enxergarem um amigo mais experiente, irão com você até as últimas consequências. Garanto que os resultados do grupo serão maiores.

Outro conselho, não abra mão de seus valores. Nunca tive medo de dizer não a algo que não achava correto. Talvez seja este o motivo por que estou escrevendo este blog agora (risos), mas adoro encostar a cabeça no meu travesseiro e dormir tranquilo. NÃO SEJA OMISSO.

Esse era o recado de hoje. Nos próximos, falarei de coisas mais amenas: corrida de rua, vinhos...

Um abraço!

Eu assino.